Um revestimento secular!
Quantas e quantas pessoas tem verdadeiro fascínio pela pedra como elemento construtivo e decorativo? Muitas vezes preciosas, as pedras são utilizadas nas joias, ornamentos, mobiliários, decoração, seja pelo seu brilho e durabilidade ou pela resistência, suas texturas e cores.
Esta atração pelas pedras, tem causado um alvoroço entre os profissionais de arquitetura e decoração, guiados por consumidores apaixonados por este material tão radiante, de tal forma que muitas empresas fabricantes de revestimento, estão investindo na produção e lançando todos os anos, milhares de m² no mercado.
Mas afinal, de onde vem tanta atração por um material tão bruto e rústico, mas quando trabalhado, se transforma ainda mais em desejo de consumo? Será que reis e rainhas, podem explicar esta atração? Provavelmente, os que viveram entre os séculos XI e XV poderiam nos explicar, mas diante dos fatos, podemos imaginar que a construção dos castelos medievais tiveram uma grande influência para que esta atração permaneça latente em nossos sentimentos.
Muralha - Castelo Medieval
Até o século XI, os castelos eram erguidos com madeira retirada das florestas das regiões. Após este período, os castelos começaram a ser construídos com blocos de pedra e é clara a diferença entre os castelos, pois a pedra, além de garantir maior segurança, tornou as construções muito mais imponentes. Erguidos em regiões altas para facilitar a visão dos inimigos em batalha, os castelos eram protegidos por enormes muralhas, também executadas com pedra, possuíam torres onde se posicionavam os arqueiros e outros guerreiros. Por dentro, cômodos enormes e em quantidade, por vezes ambientes muito frios e rústicos.
Castelo de Almourol - Portugal
Não se pode negar que a riqueza, acerca dos reis, rainhas e a suntuosidade de seus castelos, trazem para nosso mundo atual, a vontade em reproduzir este momento da história. Ainda hoje, encontramos cidades e vilarejos com casas construídas em pedra e estão totalmente preservadas.
Cidade medieval em Bibury, Inglaterra, século XVII - Foto retirada do blog planetaotimo.com
Aldeia de pedra em Piodão - Portugal - Foto Concierge2C
Foto de vilarejo com casas construídas em pedra. Foto retirada do site pixabay.com
No período da colonização do Brasil, ainda no século XVI, a pedra era utilizada em muros, igrejas monumentais, fortificações e construções oficiais. É o caso do Prédio do Senado da Câmara de Olinda - PE que foi erguido com paredes de pedras por volta de 1693, mas infelizmente só resta um pedaço da parede externa em ruínas.
Foto retirada do site curiosamente.diariodepernambuco.com.br
Ruína da parede em pedras - Foto retirada do site oreversodomundo.com
Museu Ambiência Casa de Pedra - Caxias do Sul, RS - Foto retirada do site guiadasemana.com.br
Casa Colonial em Florianópolis, SC - Foto Danny Botelho
Casa de pedra - Pouso Paranapiacaba, Estrada velha de Santos, SP - Foto JNAlencar
Castelinho da Cemig - Juiz de Fora, MG - Foto Anderson Batista Evangelista Lima
Pela demanda de produção e por questões eco ambientais, os fabricantes do setor de revestimentos vem inovando a cada dia, trazendo para o mercado, produtos alternativos que parecem pedra.
Paredes e pisos que até então eram construídas totalmente de pedras, foram substituídos por revestimentos que além de garantir maior leveza construtiva e menor tempo de execução, mantém as aparências das antigas construções.
Papel de parede - Design de Interiores Rute Stédile - Mostra Artefacto 2016 - Foto Edson Garcia
Parede em revestimento cimentício - Castelatto - Foto Favaro Jr.
Parede com textura em tinta Séni Pierres - Bricolagem Brasil
Piso em manta vinílica - Foto retirada do site www.endoftheroll.com
Ainda hoje, arquitetos, decoradores e construtores usam a criatividade em seus projetos, incluindo os revestimento em pedra, numa variação de cores, texturas e tamanhos, trazendo aconchego e charme aos ambientes internos e externos, como num resgate de nossos antepassados, conservando seus valores, perpetuando nossas memórias para as futuras gerações.
Fachada de casa de campo com pedras rústicas. Foto retirada do site Ihads.com.br
Lareira com revestimento em pedras rústicas - Foto retirada do site bydlimekvalitne.cz
Foto Mirage Floors - Flickr
Fisher - Zugelder House and Smith Cottage - North Wisconsin Street in Gunnison - Colorado - Foto Jeffrey Beall
Para quem quer voltar ao passado, precisamente no século XIII, a região francesa da Borgonha é seu próximo destino. Desde 1998 está sendo construído um castelo medieval e segundo o mestre das obras, Florian Renucci, o Chateau de Guédelon, como é chamado, estará pronto em meados de 2025.
De acordo com o fundador do projeto, Michel Guyot, a demora na construção se dá porque tudo em Guédelon é produzido no local e feito a mão, desde os pregos de ferro até os cestos de vime, utilizados no transporte dos materiais. O projeto de Guyot se baseia nos moldes, do que seria a fortaleza de um pequeno senhor feudal.
Nenhum equipamento elétrico, ferramentas modernas, veículos motorizados e qualquer material industrializado como cimento, por exemplo, estão banidos do canteiro de obras.
Château de Guédelon - Fotos Christophe Finot
Château de Guédelon - Fotos Christophe Finot
Château de Guédelon - Fotos Christophe Finot
Nos arredores do vilarejo de Saint Sauveur en Puisaye, onde está sendo construído o castelo, existem grandes pedreiras e florestas e é da região que se extrai toda a matéria prima utilizada, como pedras, madeira e terra.
Château de Guédelon - Fotos Christophe Finot
Carroças puxadas a cavalo, são o único transporte permitido para carregar todo o material necessário, pois além de reduzir tempo, os custos da obra também foram muito bem pensados nesta "experiência científica", levando em conta os critérios históricos e econômicos do período, dizem os responsáveis pelo projeto, que visitaram edificações do século XIII para formular todos os processos e métodos de construção medieval.
Château de Guédelon - Fotos Christophe Finot
Arqueólogos, historiadores e visitantes de todos os cantos, já visitam o castelo e sua evolução construtiva, que também é um acervo a céu aberto na divulgação das técnicas utilizadas e tem um cunho pedagógico extraordinário. Após concluída, a fortaleza terá 2,5 mil m² de área construída.
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